terça-feira, abril 14, 2009

À Lua

Lua bela e cintilante
Profetiza de prata
Cujos caminhos
Desvelados
Evidenciam-se
No firmamento leitoso
Ao fenecer do ocaso

Esguia
Caminha entre os risos
Mal roçando
Os pés delicados
Na relva
Deliciosa
Em que passa

Pés estes
Que já muito andaram
Em altares de fogo
Mares arredios
Criptas de gelo
(em corações frios)
Ou sobre o Sol

Silvos e sussurros
Ouve-se cantoria
Sibilando
A Lua assobia
Uma música azul

E isso apraz seus ouvidos...

Ouvidos estes
Que já ouviram o trovão
O murmurar dos elfos,
Um canto de serpente
E teus gritos de dor

Fogo!
Velas se sacrificam
Iluminando o intelecto
Dos que lhe são iguais

Aromas amargos
Expulsam
O impregnado
Inundando os galhos
E folhas

Como fumes
Esvoaçando ao léu
Como nuvens
Nuvens de céu

Oferendas vertem-se
Em cálices
Eflúvias e dadivosas
Generosas
Como tudo o que morre
E nasce uma vez mais

Convidada, a Lua bela ri-se
Discreta, acomoda-se num canto
Testemunhando
O festival de cores macias

Um sopro,
Algumas palavras
Ditas
Escritas
Silêncio...
E um pacto é lançado

Com a Aurora,
Ela se vai
Para uma outra vez
Retornar
E de tempo em tempo
Teus sonhos
Habitar

Ewan Thot © Abril de 2009

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Voltei.

Reativando... depois de um tempo escrevendo somente em papel, aqui mais uma vez me materializo. Logo novidades...

quinta-feira, junho 26, 2008

Lamentos de Samhain

Súplicas, soluços, silêncio
Noite escura, inatingível
Luto penetrante, frio.

Aurora rubra
Horizonte pálido
Sangue que escoa
Entre ocasos

Espasmos, murmúrios
Cânticos das estrelas
Odes das árvores, ramas
Filhas da desolação

Almas que viajam
Entre véus, entre tempos
Almas que evocam
O sangue vertido
Almas que buscam
O útero, a esperança

Caídas, as folhas choram
O vento suspira
A chuva fria rola pelos céus
Como lágrima, em pranto

O Sol se pôs.

Ewan Thot © 2008

Hino à Lua Negra

És tu, lua, escura no céu
Escuridão em véu, miragem
Em vestes de negro pajem
Rodopiante, à meia-noite

És tu, lua, dançarina clarividente
Águia no tempo, vê a frente
E segue tua dança contente

Tu, arco de prata
Do disco leitoso
Da face oculta

Te mostras aos teus
Em desalento e torpor
Em êxtase e agonia
Em morte e amor

Te mostras aos teus
Os filhos, em obscura temperança
Ou em total transcendência
Mas sempre errante
Inexata, mutante

Cíclica, em sangue
Arauto do Espiral
Continuação, inevitável e fatal

A ti, esvoaçante entre estrelas
Borrão de níquel no céu
Escura como tudo que é mundano
Todavia, doce profetiza
Do incerto, do improvável, do profano

Um soprar de brisa, vislumbre
Um breve instante... desencarne!

Ausência, vácuo no tempo
Inconstância? Caos?
Não!
Transformação, giro
De plena à pura
(Vazia)
Do diamante ao carvão
(Trespassante)

Salve a ti, ó Antiga
Como a noite e o céu
Salve a ti, ó escura
Preta semente, ao léu

Ewan Thot © 2008

sexta-feira, março 28, 2008

A mim

Nada será meu sem que eu conquiste, mereça ou lute.
Ninguém virá até mim sem que eu cative.
A mim, a perfeita tecelagem dos Deuses.

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Busque

Busque na fé as respostas , volte a ouvir a noite.
Sinta o cheiro da chuva, do amanhã.
Sinta na brisa de verão o que há de vir em um futuro incerto.
Toque as árvores, saúde-as alegremente e permita que as irmãs lhe falem...
Questione a terra sob seus pés, ouça o que as rochas tem a dizer.
Afinal, o que te diz o vento que passa?
Evoque, inquira, conjure, peça, ore...
Busque aqueles que lhe são iguais...
Encontre-os pelo amor de seus nomes.
Vivencie-os, una-se a eles em bênçãos radiantes.
Seja o que desejar ser.
Viva como está destinado a viver.
Mude o que precisa mudar.
Aceite o que deve aceitar.
Molde o mundo confirme seu discernimento e necessidade.
E, acima de tudo, lembre-se da Lei aliada e tenha certeza de que o equilíbrio nunca é violado.

Ewan Thot © 2007

Abençoado Sou (Uma Prece de Verão)

Peço ao Senhor-Luz que ilumine meus caminhos na jornada diurna e que a Bela Menina me conduza em segurança pelas veredas da noite.

Rogo às quatro sagradas direções que me guiem pela força de seus nomes.

Que o ar sopre brando, que a terra seja firme, que a água escoe mansa e que o fogo ilumine e aqueça os corações gelados.

Que os dilemas se resolvam, que as feridas cicatrizem, que as dores cessem.

Pois esse é o tempo da Luz, tempo do fogo, da chuva morna, da terra úmida e fresca.

Esse é o tempo que é todo o tempo, a época de abençoar, de idéias férteis, de sonhos que se fazem realidade.

Devo ser, portanto, compassado e perceptivo.

Faço parte desse ciclo, aproveito este momento que não volta.

Uso então a magia deste tempo a favor das causas luminosas, busco e trago o amor radiante.

Energia, música, dança, explosões extáticas, fulgor, coragem, empolgação, vigor, ação, sexo, riso, alegria... as palavras de ordem.

Reflito, teorizo e pratico.

Abençoado sou.

Ewan Thot © 2007

Ode à Senhora

Ode à Senhora

Senhora das máscaras
Senhora dos labirintos
Mãe do tempo
Esposa do Sol
Salve Senhora!

Guardiã da noite estrelada
Filha da Lua Nova
Cadela, porca e corsa
Maga, nutriz e ceifeira
Dona da magia e da fé

Brasa da fogueira
Fio da lâmina
Noite de desespero
Graça, luz e amor!

Perfeição, caos, poesia
Senhora de toda magia!

Salve Senhora portadora da luz
Salve bênçãos, colheita
Primavera, frio e temporal

Vento e brisa suave do amanhã
Salve Senhora, filha-mãe-anciã!

Ewan Thot © 2006

* A mim inspirado na mesma ocasião anterior.

Ode ao Senhor

Ode ao Senhor

Salve Senhor do mundo escuro
Salve mão fria da noite
Salve morte, salve dor!

Salve senhor dos bosques
Senhor dos campos e prados
Senhor dos rebanhos, das feras

Senhor Sol, Senhor estrela
Filho de Gaia, Pai-força
Pai-coragem, salve!

Irmão, amante, sacerdote
Corso das montanhas
Vítima do arco de Diana

Alimento, carne e grão
Energia, poder, sexo
Senhor da luz do mundo!

Sol apagado do inverno
Sol escaldante do verão
Filho da neve

Pai-irmão-amante nos fogos de Beltane
Fogueira de desejos
Sacrifício de carne, vida!

Luz do Leste, Evoé!
Salve Baco, Osíris, Cernunnos
Pã das montanhas
Flauta e som de fogo

Salve Herne, salve Odin lutador
Osíris esquartejado, Dumuzi raptado
Eros ferido, Gamo-Rei abatido

Morte escura, vida luminosa
Salve Senhor, salve!

Ewan Thot © 2006

*Sussurado nos meus ouvidos no verão de 2006.